Exasperado e percebendo que vai ter de depreender a maior parte das informações básicas sozinho, sobe e desce com as mãos cheias de fios. Brilha-lhe, eterno, um meio-sorriso condescendente. Pela cabeça, decerto alguns pensamentos misóginos. Pois é meu amigo. Mas olhe que eu nem na cozinha, nem com putos, nada disso. Em geral, muito pouco do que seja prático ou inter-relacional.
Cabos por todo o lado. Deixa as portas abertas e o vento dos sítios vazios fá-las bater. O seu carrinho estacionado em cima do passeio, com as luzes a piscar. Piscariam durante três horas, porque esta é uma instalação muito complexa, tendo em conta o destinatário.
E eu cheia de sono, a perceber que a casa ainda tem pó. Raspando paninhos pelos móveis, ocasional e furiosamente, a fungar de alergia. A chover lá fora e com vontade de adormecer na cama nova. Mas e se o homem precisa de mim? E se o homem me entra pelo quarto adentro? Pelo amor de deus, para isso existem os pisa-papeis. Que não tenho.
E finalmente, algo acontece. O ecrã medieval começa a piscar, o homem grita da sala, levanto-me, corro, ah, ela funciona. Ligados à civilização, sorrimos um para o outro. Obrigada, não-sei-quantos. O seu serviço foi excelente. A casa não explodiu, não desta vez. A próxima paragem será o senhor Casimiro, para arranjar o esquentador. Mas essa é fácil. Não tenho de me sentir mal por não perceber de esquentadores.
Actualmente faz falta aquele tipo de "senhor jeitoso" que sabia fazer tudo e como deve de ser.
ResponderEliminarNo Natal ofereço-te um pisa-papeis. Gosto que estejas protegida
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