No momento em que o futuro da Europa esteve a ser jogado –
ontem, nas eleições gregas – Portugal inteiro não resolveu fazer mais nada do
que pensar nos jogos de futebol, para variar. Depois admiram-se de viver num
dos países mais desigualitários da Europa. No fundo, até acabo por compreender que assim seja: e como é que nos podemos queixar, se não fazemos absolutamente nada para mudar a situação? Os representantes que temos são
apenas o reflexo daquilo que somos, daquilo que produzimos: um país passivo,
uma população que se deixa controlar e que enterra a cabeça como a avestruz.
Cada vez que vejo um daqueles anúncios de apoio à selecção,
o meu estômago vira-se do avesso e faço um esforço enorme para me controlar.
Todos têm implícito uma espécie de incitamento a um “orgulho nacional” de
última hora. Ora por favor: digam-me de que é que eu tenho de me orgulhar
quando o Cristiano Ronaldo marca um golo ou não? E mais: em que é que isso vai
ajudar o meu país? Em nada, em zero. Se vai ajudar alguém, é apenas o próprio
Ronaldo. É tudo artificial, é tudo uma fachada.
É que essa coisa do desligar a televisão para olhar o mundo à nossa volta com uma atitude crítica e envolvida gasta muita energia. Realmente, mais vale ficar em casa de cervejinha na mão e esperar que nos digam o que fazer. É mais cómodo.
Os jogos de futebol e as telenovelas, hoje em dia, são como os presos que se atirava aos leões, nas arenas: servem para manter calma a multidão embrutecida, para a impedir de pensar demasiado. Se não, já se sabe: quando estão desentretidas, as pessoas acabam por se colocar perguntas sobre o estado das coisas e começam a querer lutar por aquilo a que se chamam “direitos”. E quem manda neste pais não quer que isso aconteça.
Os jogos de futebol e as telenovelas, hoje em dia, são como os presos que se atirava aos leões, nas arenas: servem para manter calma a multidão embrutecida, para a impedir de pensar demasiado. Se não, já se sabe: quando estão desentretidas, as pessoas acabam por se colocar perguntas sobre o estado das coisas e começam a querer lutar por aquilo a que se chamam “direitos”. E quem manda neste pais não quer que isso aconteça.
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