terça-feira, 10 de julho de 2012

A “moda gay” ou o fim anunciado do modelo familiar judaico-cristão?


Há uns meses, saiu, num jornal de referência, um muito falado artigo mencionando qualquer coisa sobre uma suposta moda gay, que agora estava a emergir e que representava a última expressão do niilismo anti-sistema (ou algo do género). Muitos houve que se insurgiram contra este texto, ao qual eu não dei muita importância, por o achar pouco representativo.
No entanto, qual não é a minha surpresa quando dou pela mesma afirmação por parte de um familiar meu: sim, agora está na moda ser-se gay, “eles” estão por toda a parte etc, etc, etc. De repente, recordo-me do meio onde cresci e de toda uma mentalidade que me tentaram incutir, que não é marginal mas, infelizmente, a norma.
Urge explicar que o que está eventualmente na moda não é ser-se gay, apenas libertar algumas emoções a que o conservadorismo nos obrigou. É o progresso nas mentalidades, possibilitado pelo avanço do conhecimento e um paulatino desprendimento de qualquer forma de religião como modo de influência na esfera social.
O que choca algumas pessoas é que agora se descubra que, afinal, haviam muito mais gays/bis ou quaisquer potenciais tipos de LGBTs do que se achava. Não são uma “anormalidade” mas talvez a norma. Há um potencial homossexual em cada esquina e, possivelmente, em cada um de nós e até neles próprios. Já o dizia Freud. Está tudo cá dentro. Até as coisas que não queremos ver.
Não me consigo impedir de notar um certo paralelismo entre isto e a história dos divórcios (cuja condenação, nem de propósito, também tem base religiosa): muito chocada estão alguns porque “hoje em dia os casamentos não duram nada” e “os valores de antigamente isto e aquilo”... Olhemos um segundo para estes “valores”: há o de casar por conveniência ou obrigação e depois ficar-se agarrado a alguém para o resto da vida, porque não se tem dinheiro suficiente se emancipar, por exemplo. O “valor” de continuar numa relação com alguém que já não se ama porque se não a sociedade condena. E ainda o “valor” de se ser traído ad eternum, ou de se trair, porque não se está satisfeito, mas não se pode fazer nada em relação a isso. Porque era assim que acontecia nesse famoso e tão prezado antigamente.
Hoje em dia, podemos admitir por fim que não sabemos bem ao certo se isso do para sempre existe, que tudo pode mudar, que é bom que mude.
Porque o facto de nos guiamos por pseudo-normas datadas de mais de dois mil anos é capaz de  ser um sinal de retrocesso. 
Hoje em dia, felizmente, podemos dizer: a paixão é volátil, a orientação sexual também pode ser, o humano é mutável e a evolução é eterna. Evoluamos, portanto.

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