Sou completamente a favor de uma boa educação alimentar.
Sobretudo quando, com o tempo já quente, se começa a vislumbrar entre os
portugueses uma ou outra carne menos apelativa. No entanto, penso existirem
certas grandes superfícies a levar o conceito demasiado à letra. Para aqueles
que ainda não repararam, há agora, em alguns supermercados, cartõezinhos discretos situados ao lado dos
produtos género frutas e hortícolas com, supostamente, informação útil sobre os
mesmos. Sabia que a alface tem imensa
fibra e é muito rica em potássio?
Que promover a saúde dos alimentos se revela bom para o marketing, claro. Mas será que eu, ao
comprar meio quilo de batatas, preciso mesmo de saber que estas são uma grande
fonte de fósforo e vitamina A? Não.
Pelo menos, a mim, não me serve de nada. Aliás, chateia-me.
Faz lembrar aqueles senhores que ficam à porta dos restaurantes do Bairro Alto,
a tentar fazer-nos entrar para os respectivos estabelecimentos. Se por acaso me
apetecesse entrar ali, deixou de me apetecer. “Sim, entre aqui, temos um caldo
verde muito bom. Sim, sim, aqui.” Bem, a sério? Ah, então pronto, se o senhor o
diz é porque deve ser verdade, já que a sua opinião é completamente imparcial e
desinteressada sobre esta questão em particular?
Passa-se um pouco o mesmo com os legumes e etcéteras no
supermercado: é irritante que me estejam a tentar ensinar até que ponto as
minhas laranjas têm vitamina C. Se eu já estou para comprar a porcaria
das laranjas, é porque em principio devo saber isso à partida.
Nisto, sou um pouco saudosista em relação ao tempo dos meus
avós: uma batata era apenas uma batata e uma pêra era só uma pêra. Comia-se,
porque fazia bem, mas não se ficava completamente obcecado com as propriedades
antioxidantes de tudo o que nos aparecia à frente. Há, nos dias que correm,
muito boa gente que se sabe aproveitar desse tipo de manias, e bem.
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