Estava-se a ver que isto ia acontecer. Normalmente, nunca é
alguém muito próximo, ou se é, trata-se de um familiar, género um tio ou um avô.
Estávamos a falar com ele, a conversa até corria bem. Da vidinha, nada de novo,
etcetera. Até que bimbas! Saca do lencinho. Assoa-se (algum barulho vem sempre associado,
não sei porquê), dobra a porcaria do lencinho metodicamente, com um ar
sobranceiro. E volta a colocá-lo no bolso. É provável que ache que está a fazer
um favor à humanidade, do género: olhem para mim, eu escolhi não gastar papel,
através deste método super inteligente de guardar um pedaço de tecido cheio de
ranho no bolso da minha camisa. No fundo, estamos a assistir a uma
conservatória de ranho putrefacto, que se vai andar a passear no bolso de
alguém, até uma altura indefinida (provavelmente por já estar tão nojento, tão
nojento, que nem aquele seu proprietário, com aqueles seus hábitos nojentos, consegue
mais suportá-lo). Ora, no meu humilde ponto de vista, guardar o lencinho do
ranhoca no bolso – e depois voltar a usá-lo e depois voltar a guardá-lo – é
basicamente a mesma coisa do que, por exemplo, nunca lavar as mãos para poupar
água. Só que pior, porque a quantidade de detritos humanos com a qual o ser
humano se passeia é superior. Usem o Cleanex, meus caros, transformem o mundo à
vossa volta num local mais habitável. Vão ver que não arrependem. Se calhar até
fazem mais amigos por causa disso, ou, pelo menos, não os afastam tanto.
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