Penso que toda a gente já terá ouvido esta frase pelo menos
uma vez na sua vida. O cenário é típico: alguém em quem depositámos confiança
faz-nos alguma coisa de que não gostamos, vamos fazer queixinhas a outra pessoa
e essa resolve debitar o seu veredicto sobre a amizade em geral,
aniquilando todo e qualquer comportamento que ache menos digno, como se fosse
ela mesma a moralidade e a ética encarnadas.
Surpreende-me essa capacidade de nos julgarmos uns aos
outros e de nos arrogarmos a faculdade de decidir sobre as relações alheias. Uma amizade é uma coisa complexa, tenho vindo a pensar nisso nos
últimos tempos e as conclusões a que chego não são, de modo algum, lineares. Conhecemos
várias pessoas, ao longo da vida, que nos podem dar várias coisas diferentes.
Nós próprios mudamos e criamos necessidades diversas, que se alteram por vezes
no mero espaço de um dia. Não é por alguém nos fazer algo de que não gostamos
que o devemos imediatamente remeter para a categoria de “conhecido”. Até
porque, de qualquer maneira, muita gente nos vai fazer coisas de que não
gostamos, incluindo essa pessoa que eventualmente acabou de moralizar a outra
amizade.
O que é um amigo? Penso que haverá várias formas de responder a essa questão. Tem de ser alguém que gosta de nós, mas ao mesmo tempo, mesmo que não o saibamos, pode estar connosco por hábito, por solidão, por convenção, por fazer parte do mesmo grupo; essa motivação pode nunca se vir a manifestar concretamente e por muito que nos custe admitir, é mais frequente do que achamos. E o pior é que, da maior parte das vezes, uma coisa não invalida a outra.
Haverá, de facto, milhares de razões que nos ligam aos outros, não sendo nenhuma cem por cento pura. Não quero com isto desacreditar a minha fé no ser humano, apenas dizer que o que nos une nunca é a mais linear das relações nem a bondade pura e altruísta, nós não somos manuais de matemática ambulantes. Há sempre uma infinitude de pressupostos e sentimentos misturados, porque somos complicados.
O que é um amigo? Penso que haverá várias formas de responder a essa questão. Tem de ser alguém que gosta de nós, mas ao mesmo tempo, mesmo que não o saibamos, pode estar connosco por hábito, por solidão, por convenção, por fazer parte do mesmo grupo; essa motivação pode nunca se vir a manifestar concretamente e por muito que nos custe admitir, é mais frequente do que achamos. E o pior é que, da maior parte das vezes, uma coisa não invalida a outra.
Haverá, de facto, milhares de razões que nos ligam aos outros, não sendo nenhuma cem por cento pura. Não quero com isto desacreditar a minha fé no ser humano, apenas dizer que o que nos une nunca é a mais linear das relações nem a bondade pura e altruísta, nós não somos manuais de matemática ambulantes. Há sempre uma infinitude de pressupostos e sentimentos misturados, porque somos complicados.
Também não quero dizer que tenhamos que perdoar tudo, ou de aceitar ser tratados de qualquer maneira. Apenas acho que deveríamos começar a ser menos
extremistas e sobretudo deixar de nos julgar constantemente,
como se fossemos detentores da verdade absoluta no que diz respeito à relação
entre dois seres humanos. Vai haver, de certeza, uma altura em que vamos fazer
merda, e aí não vamos querer ouvir que “não somos verdadeiros amigos” de alguém.
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