quarta-feira, 6 de março de 2013

Couves e animais: saber quando parar


Correndo o risco de escrever um texto altamente polémico, não resisti, no entanto, a queixar-me aqui de um fenómeno que as redes sociais têm vindo a potencializar e que me parece ter chegado a um limite já pouco interessante.
Para que não restem dúvidas: considero-me uma boa pessoa e gosto de animais, preocupo-me com o próximo, ajudo os outros, não faço mal a ninguém e envolvo-me em questões sociais. Mas fico um bocado farta ao constatar que tenho de ser, agora, diariamente, bombardeada com fotografias de coelhos, gatos, osgas e grilos e que sei eu mais; que estão todos “a precisar de um lar”, “a precisar de um transplante”, “a morrer” ou simplesmente “muito queridos e quase humanos, olhem como eles são indivíduos especiais com personalidade”, etc, etc
Não é que eu tenha algo contra um ideal de convivência em harmonia cósmica, sem guerras nem poluição e com felicidade e paz para todos os seres. Mas tanta coisa já se torna insuportável e roça quase, a meu ver, uma espécie de loucura. Sinto, eu separo o meu lixo. Não, eu não vou dar porrada em gatos doentes nem vou abandonar um cão velho no meio da estrada. Ok, eu posso olhar para os rótulo do champô para ver se não foi testado em coelhinhos ou coisa que o valha. Mas, por favor, acalmem-se um pouco.
Primeiro, acabem com essa coisa de culpabilizar o ser humano de todo o mal que há no mundo: desde sempre que os animais se comem e matam uns aos outros. Não que eu ache isso bom (nem estou a desculpar nada) mas é que já chega essa ideia da expiação constante e do “peço desculpa por ser humano oh, sou tão péssimo por ser humano (e olhem os animaizinhos, como são peludos e puros)”.
Segundo, eu posso beber o meu leite se me apetecer e não tem de ser de soja. Posso gostar de carne, tal como os meus antepassados desde há milhares de anos o fazem, e isso não me torna num monstro. E posso não estar constantemente obcecado/a com a quantidade de insecticidas na minha alface, a sério, isso não tem de ser uma preocupação constante.

Era interessante que essas pessoas que passam os dias a pôr fotografias de rabanetes biológicos, cães perdidos e/ou maltratados no facebook olhassem um pouco para o mundo à sua volta: o dos humanos. De certeza que há muita injustiça na nossa terra, a esse nível, também que com tanta  confusão de animais e plantas em extinção, acaba por lhes escapar. Aliás, talvez essas manifestações todas derivem de questões politico-eocnomicas, que nos compete combater, em larga escala. Não é para generalizar mas, segundo a minha experiência, essa gente acaba muitas vezes por se esquecer de contemplar os problemas e as dificuldades muito piores dos seus pares: recorde-se, as pessoas.

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