Entre as várias figuras características que uma pessoa pode
encontrar na noite e que, já por inerência, primam na sua maioria por se
exprimirem através da superficialidade, há um grupo muito particular que me
chama a atenção. O das “babes” que, já adultas, se gabam de não pagar
nada.
“Ai eu nunca pago nada naquele bar”, “Ai cá a mim
oferecem-me sempre bebidas” – dizem elas, com um orgulho que acho ser, aos
trinta anos, um bocado preocupante e deslocado.
É, ainda, sinal de quem claramente não vê o que está por
detrás do conceito.
Percebo, no entanto, por que o dizem. Isso divide
imediatamente, segundo as suas perspectivas, o mundo feminino entre duas
categorias: as feias (a quem supostamente ninguém paga bebidas) e as bonitas (a
quem as pessoas já pagam bebidas).
Tenho 28 anos e ganho o meu próprio salário. Arrisco dizer que sou interessante e sempre fui atraente. Se me apetecesse, aceitava
que me oferecessem coisas. É claro que já aceitei várias vezes, enquanto nova,
por inadvertência ou por ser conveniente. Mas cresci e desenvolvi um cérebro. Parece-me claro o facto de achar muito melhor ser eu a pagar
as minhas próprias bebedeiras, sem para isso esta dependente de nenhum homem
nojento.
E atenção, isto sem qualquer tipo de misandria: gosto muito
dos meus amigos homens. Simplesmente é um bocado óbvia a ideia que está por
detrás da atitude de se oferecer uma bebida a uma mulher. Nunca passaria
pela cabeça de um homem gabar-se de que lhe pagam bebidas, por alguma razão. Note-se:
porque isso o rebaixaria para um patamar que não lhe é interessante.
Por favor, parem de se gabar de algo que não faz sentido. É
muito mais apelativo ver uma mulher bonita a pagar a sua própria conta do que a
deixar-se fazer por um gajo qualquer. E isto vale para as vossas noites, a
vossa casa, a vossa roupa e a vossa vida em geral.
Sem comentários:
Enviar um comentário