terça-feira, 12 de março de 2013

"Nunca paguei por uma bebida"


Entre as várias figuras características que uma pessoa pode encontrar na noite e que, já por inerência, primam na sua maioria por se exprimirem através da superficialidade, há um grupo muito particular que me chama a atenção. O das “babes” que, já adultas, se gabam de não pagar nada.
“Ai eu nunca pago nada naquele bar”, “Ai cá a mim oferecem-me sempre bebidas” – dizem elas, com um orgulho que acho ser, aos trinta anos, um bocado preocupante e deslocado.
É, ainda, sinal de quem claramente não vê o que está por detrás do conceito.

Percebo, no entanto, por que o dizem. Isso divide imediatamente, segundo as suas perspectivas, o mundo feminino entre duas categorias: as feias (a quem supostamente ninguém paga bebidas) e as bonitas (a quem as pessoas já pagam bebidas).
Tenho 28 anos e ganho o meu próprio salário. Arrisco dizer que sou interessante e sempre fui atraente. Se me apetecesse, aceitava que me oferecessem coisas. É claro que já aceitei várias vezes, enquanto nova, por inadvertência ou por ser conveniente. Mas cresci e desenvolvi um cérebro. Parece-me claro o facto de achar muito melhor ser eu a pagar as minhas próprias bebedeiras, sem para isso esta dependente de nenhum homem nojento.
E atenção, isto sem qualquer tipo de misandria: gosto muito dos meus amigos homens. Simplesmente é um bocado óbvia a ideia que está por detrás da atitude de se oferecer uma bebida a uma mulher. Nunca passaria pela cabeça de um homem gabar-se de que lhe pagam bebidas, por alguma razão. Note-se: porque isso o rebaixaria para um patamar que não lhe é interessante.

Por favor, parem de se gabar de algo que não faz sentido. É muito mais apelativo ver uma mulher bonita a pagar a sua própria conta do que a deixar-se fazer por um gajo qualquer. E isto vale para as vossas noites, a vossa casa, a vossa roupa e a vossa vida em geral.

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