Nas discussões sobre identidade sexual, ouvem-se, comummente,
todo o tipo de aberrações, já se sabe. Os comentários homofóbicos são,
infelizmente, quase sempre os mesmos e muito pouco originais: há aquele que
“não se importa que os outros façam escolhas diferentes das dele, mas desde que
se escondam, para não o incomodar muito”, os que usam expressões como
“contra-natura” (entenda-se, por “natura”, a construída por eles, não a dos
animais certamente), ou ainda o “já agora, por que não legalizar também a
poligamia?”.
Mas há um tipo que acho ainda mais interessante. É aquele
que elogia exacerbadamente “os homossexuais”, como se tivesse à partida algo a
temer e colocando-os todos na mesma categoria.
“Os homossexuais têm muito mais gosto do que os outros”
“Os homossexuais são muito mais sensíveis, no bom sentido,
claro”
“Lá no meu trabalho, conheço um e gosto imenso dele”
“Tenho uma amiga que tem montes de amigos assim”
“Tenho uma prima lésbica, que é super inteligente, tirou um
mestrado e tudo”
Isto, claro, denota uma certa atitude trabalhada por detrás.
Uma falta de à-vontade enorme, seguida de um impulso para a esconder, por
desejo de integração social. Que, segundo a minha opinião, se deve reflectir
num pensamento qualquer do género:
“Ok, a mim mete-me imensa impressão essa coisa de haverem
pessoas que não se regem pelo ideal de família que me incutiu a sociedade e que
sou demasiado fechado para questionar, mas, como me fica mal exprimi-lo e além
disso, quero que me considerem um porreiro e tal, vou fingir que estou mesmo,
mesmo na boa com o assunto”. Ora, nota-se perfeitamente que essa pessoa não
está nada, nada na boa com o assunto.
Quem diz estas coisas, para mim, encontra-se um bocadinho ao
nível daqueles que acham que uma determinada cor de pele ou nacionalidade determina
o quão afável a pessoa em questão é.
Já era tempo de deixar de dividir as pessoas por categorias
e grupos. Por esta altura, já deveria ser óbvio o facto de cada individuo ter a
sua personalidade, independentemente de como exprime a sua sexualidade. Noto um
certo desconforto, agora que estas últimas questões são trazidas para a praça
pública com frequência. Espero que, um dia, a identidade sexual deixe de ser
tema de controvérsia. Acho que é uma questão de tempo, mas até lá ter-se-á
muitos comentários interessantes para ouvir.
... creio (pelo articulado seguinte) que na primeira linha do primeiro parágrafo, se deve estar a referir a "houve-se" do verbo ouvir. Se assim é, retire por favor o "h", não vá haver algum dos seus formandos interrogar-se sobre a "distração" da formadora.
ResponderEliminarBoa semana!
(Depois deite para o lixo este comment, que apenas teve a função de chamar a atenção.)
Alberto Oliveira.
Olá. Não há mal nenhum! De facto, assim foi. Obrigada.
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