«O corredor carregava em si uma mistura de suor velho, tabaco e água-de-colónia da feira de Colares. Porque quando as pessoas morrem, os seus odores pairam, teimosos, agarram-se aos objectos, recusam perceber que já não pertencem a lado nenhum. Células sem dono passeiam-se pelo espaço, desconhecendo que agora vagueiam sozinhas e que é o seu destino perderem-se no corpo das plantas, dos bichos, do lixo; servir de adubo virtual para tudo o que ainda permanece. Talvez a vida fosse assim, uma regeneração constante.»
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