segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Pássaros

Fazendo um bocadinho a contraposição com o post anterior:

No pátio em frente à minha casa, hoje de manhã, ouvi um estremecimento. Estava ainda sonolenta, pelo que me pus, sentada, a imaginar o que seria: alguém que acendera uma fogueira? O vento a bater, com força, numa embalagem de plástico? Fui espreitar: não, era um corvo (ou qualquer outro desse género) que alguém tinha decidido enjaular e que estava desesperadamente a tentar libertar-se.
Uau, que imagem tão poética. E que bom deve ser acordar todos os dias e ver um animal em sofrimento, daquela maneira, no nosso jardim.

Admira-me como é que é possível, ainda em pleno século XXI, haver pessoas cuja noção estética ainda não evoluiu ao ponto de lhes fazer uma certa impressão ter um animal, cuja função supostamente é sobrevoar as paisagens livremente, num cativeiro em que mal cabe todo o seu corpo. Acho que a resposta só podem estar nos egos descomunais de certos seres humanos. Ou no até que ponto se estende a capacidade de apenas nos interessarmos por aquilo que nos diz directamente respeito.
Como já disse anteriormente, não acho de maneira nenhuma que os animais devam ser comparados a pessoas. Mas ainda há uma distância que cobre isso e o verdadeiro sadismo. Ligando um pouco as coisas, gostava de saber como é que os obcecados do Facebook pelas defesas dos gatos e dos cães se estão depois nas tintas para os pássaros. Sinceramente, não vejo qual a diferença entre isto e por exemplo, as lutas de cães. Onde estão todos os apelos para salvar os pássaros enjaulados por aí? Vá, sejam coerentes, afinal, não há animais melhores do que outros. Ou será que, por serem menos inteligentes e fofinhos e se estarem nas tintas para vocês, os pássaros merecem menos a vossa atenção, hum? Onde está, de facto, o critério? Será ele o de: fofinho (merece direitos) / não fofinho (não merece direitos)?
Arrisco-me até a dizer que alguns dos acérrimos defensores dos animais domésticos não terão qualquer problema em levar os putos ao jardim zoológico, lugar em que, segundo me lembro, se pode assistir a por exemplo um miserável elefante a receber uma moedinha ou qualquer coisa do género, que o faz tocar depois um sino (claro que isto tudo devido ao seu maravilhoso instinto de tocas sinos e não por causa dos inúmeros enxertos que levaria se não o fizesse). Mas os elefantes são assim para o feios e não podem viver na nossa casa. Mais uma vez, a exclusiva preocupação com aquilo que nos diz directamente respeito.

Salvem os animais! Os cães, os gatos, mas também os pássaros, os hipopótamos e os macacos! E já agora, salvem-me também a mim.

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