sábado, 21 de dezembro de 2013

Ponho mais parmesão?


Hoje, estava a fazer a minha bolonhesa e a pensar na Erica Fontes.
O que é que estas duas coisas têm a ver? Tudo. Absolutamente tudo.

Bem, agora que esclarecemos isto, penso que podemos ir ao que interessa, que é o facto de eu achar óptimo que a tão conhecida actriz pornográfica Erica Fontes tenha escrito um livro. Acho mesmo o máximo. Pois, por muito que alguns se possam chocar, na minha opinião, a má literatura é necessária e não interfere de modo algum com a literatura a sério.
Quem se afina com isso são, geralmente, pseudo-intelectuais com algo a temer.

Se, por outro lado, eu estiver cem por cento segura da qualidade daquilo que produzo, estou-me perfeitamente marimbando para o facto de a pessoa ao meu lado no escaparate estar ou não estar a mostrar o cu. Se o meu vendesse, eu também o mostrava. Ou não. Porque nunca vou saber. O que me leva a uma questão que me parece importante referir e que a maioria esquece: estamos a falar de mercados diferentes.
Se eu escrevo, por exemplo, poesia, não posso ser minimamente comparada a uma pessoa que escreve sobre cus. E atrevo-me até a dizer que é necessário que alguém o faça.
Toda a gente aprecia um bom cu. Há também quem aprecie uma boa história de merda, sobre uma moça nova que gosta de ser espancada. Depois, há quem goste de cozinha. É a vida.
Sim, o mundo está todo mal e obviamente, devia haver mais espaço e publicidade para a boa literatura. Mas infelizmente, não há. E não há porque nós não queremos. Assim é a humanidade. O que é que vamos fazer, embirrar e suicidar-nos, ou estarmo-nos nas tintas?
Sempre houve gente com hobbies péssimos. Dantes havia uns que, por exemplo, gostavam de ver mulheres a serem queimadas. Ou pessoas à porrada com leões. Hoje, há quem goste de literatura light. A diferença? Ao menos os que estão a ler estão a aprender a diferença entre “fizeste” e “fizes-te”.

E ainda há a enorme vantagem do dito cu poder estar a atrair a atenção para o meu livro, no qual se calhar tanta gente não repararia.

Embirrar com a literatura light é embirrar com o óbvio e é, a meu ver, para aqueles que têm medo de serem confundidos com a mesma.

Isto para dizer que não estou a ver ninguém a ir ao Colombo de repente sofrer um grande dilema entre levar Os Irmãos Karamazov ou o Sei Lá, da Rebelo Pinto. Por outro lado, quase de certeza que alguém poderá deixar o último para começar a comprar uma bimby a prestações. Estão a ver onde quero chegar?
Quem compra maus livros, muito provavelmente não iria comprar os bons. Quem compra os bons, não vai de repente mudar para a Erica Fontes. A menos que a minha concepção do mundo seja muito ingénua (e assim quero que continue a ser). E ainda tem a vantagem de permitir que as editoras façam dinheiro, que provavelmente não teriam se tivessem só de sobreviver dos bons livros.

E agora, com licença, que tenho a bolonhesa ao lume. Ou a Erica Fontes, já não sei bem.

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