quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Amigos de infância

A propósito do 70º aniversário da banda desenhada Tintin em Portugal, voltei a lembrar-me dos famosos bonecos que passavam na RTP: Les aventures de Tintin – objectif Lune, que fizeram as maravilhas das manhãs de fim-de-semana de toda uma geração. Pondo aqui algumas questões de parte para outro tipo de discussão (Será que Tintin era homossexual? E o Capitão Haddock, sofria de alcoolismo?), ir-me-ei agora centrar neste tema tão saudosista que é o dos grandes ícones da nossa infância.
É com enorme nostalgia que recordo esse, e outros que tais: Widget, o Guardião da Terra, o Pai Castor, Heathcliff o gato, e, claro, o Bocas. Na altura dos quatro canais, era bem fácil a um punhado de pequenos e maravilhosos bonecos influenciar todos e todas. E, assim, as crianças do país inteiro uniam-se em torno de umas quantas figuras muito características. Quando fossemos grandes, queríamos ser como eles.

Eu, que não tenho filhos (nem faço tenção de ter tão cedo, para grande infortúnio da minha avó), não possuo na verdade muita informação no que diz respeito ao que se passa hoje em dia dentro dos cérebros mais jovens. Mas presumo que muitos fiquem confusos com a quantidade de programas infantis que se encontram à sua disposição. Quais serão os seus modelos, quais serão os seus heróis? A par do Nodi, e Bob o Construtor, não conheço nenhum; mas presumo que existam muitos mais. Um enorme exército de diversificadíssimas personagens, fruto originário de uma grande baralhação mental.
Porque, em vinte anos, as coisas mudaram bastante. Com as Playstation, os 300 canais de televisão, e a Internet; as crianças crescem bombardeadas por muito mais informação e possibilidades do que antigamente. Onde estava a rudimentar Megadrive com o Sonic aos pulinhos, aparece agora uma infinita panóplia de jogos interactivos em que personagens absolutamente realistas morrem das mais variadas e impiedosas maneiras, em batalhas inclementes e sanguinárias, munidas de armas de uma complexidade extrema (não esquecer que os autores do atentado de 11 de Setembro foram eles próprios treinados, entre outras coisas, por um simples jogo de computador).
E longe vão os anos em que todas as criancinhas portuguesas sintonizavam a TVI ao mesmo tempo, à hora do lanche, para ver a Casa do Tio Carlos.
No dia em que mostrarmos aos nossos filhos coisas como esta:

Eles rir-se-ão, condescendentemente, como nós fazíamos quando os nossos pais ou avós nos tentavam impingir os seus peluches de trapo esfarrapados, ou ensinar-nos o “Jogo da Glória”.

E em relação a este

Para quem, como eu, ainda tinha dúvidas:

Welke os kan ons iets leren?
Boes Boes
Boes Boes
En een fietsband repareren?
Boes Boes
Boes Boes
Rock 'n Roll en ook nog de Samba
danst hij met je mee
Wie laat zich niet koeioneren?
Boes Boes
Boes Boes
Boes Boes
Boes Boes

Sim, também só agora é que reparei que escutávamos o genérico deste famoso desenho animado em holandês. Coisas como esta são susceptíveis de dar todo um novo twist à vida de uma pessoa

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