sábado, 29 de outubro de 2011

Duarte, o Engenhocas

Duarte Lima, claramente, nunca viu o CSI Miami. É essa a conclusão que todos nós, portugueses, somos obrigados a tirar ao depararmo-nos com os fundamentos da sua acusação por homicídio no caso Rosalina Ribeiro.
Que se mate alguém, ainda por cima uma pessoa inocente e indefesa é, óbvio, um acto monstruoso e deplorável. Mas deixar pistas que até uma criança de dez anos conseguiria esconder é já, simplesmente, estúpido.

Todos nós vimos como os criminosos actuam nos filmes. Escondem-se por detrás de álibis fortíssimos, engendram mortes rocambolescas, algumas de modo a que possam parecer suicídio. Apagam cuidadosamente as pistas, mudam de identidade, mudam de sexo se for preciso. Usam máscaras, escovinhas, ácido sulfúrico.
Porém, para Duarte Lima, tudo isto pareceu um luxo desnecessário. Ele ia, simplesmente, fazê-lo à moda antiga: dirigir-se à senhora, dar-lhe uns bons tiros na cabeça e voltar para casa como se nada fosse. Entretanto, deixaria o corpo no meio da rua, sei lá, podia ser que ninguém reparasse.
Ora, alguém o devia ter avisado.
Com toda a simpatia pela senhora Rosalina, cujo óbito lamento profundamente, e pelos seus familiares e amigos; não posso no entanto deixar de pensar em algumas sugestões que me pareceriam ter sido úteis a Duarte Lima, alguém que se me afigura confuso e um pouco perdido nesta coisa complicada de assassinar os outros a sangue frio.
1) Primeiro, não se viaja para o Brasil na mesma altura em que se planeia matar a pessoa. Manda-se alguém ir para lá e fazê-lo por nós, enquanto combinamos umas férias com amigos no lugar exactamente oposto do globo, como Phuket ou Phnom Penh.
2) Se for mesmo necessário ir-se ao local verificar que a missão foi bem cumprida, tentar não fazer coisas estranhas que chamem a atenção dos demais, tais como alugar um carro em Belo Horizonte e viajar durante cinco horas até ao Rio, e com ele visitar o local do crime um dia antes do mesmo, na esperança de que ninguém nunca descubra o dito carro.
3) Tentar não telefonar à vitima no dia da matança, sobretudo se for de outros telefones, pois isso pode levantar certas suspeitas.
4) Incriminar uma pessoa inventada de nome “Giselle” não parece suficientemente convincente. Invente-se outra, de preferência alguém que, de facto, exista.
5) Finalmente, se sentirmos como necessário eliminar a vítima com as próprias mãos, porque somos perfeccionistas e não confiamos em mais ninguém, enfim, o ideal seria não telefonar para uma loja de carabinas de caça do próprio quarto de hotel no dia do assassínio, como tão brilhantemente o fez o senhor Lima.

Fica para uma próxima, Duarte. Bem se diz que nunca se consegue fazer tudo bem logo à primeira.

1 comentário:

  1. Genial, genial :) No meio de tanta trapalhada é mesmo caso para puxar as orelhas ao senhor por nunca se ter lembrado de devorar umas temporadas de CSI e aprender regras básicas..!

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