quinta-feira, 5 de abril de 2012

IKEA: afinal, sempre podes suicidar-te um bocadinho mais cedo

1/ “Se não fosse o IKEA, pessoas como nós não poderiam mobilar a sua casa”
Esta é, sem qualquer dúvida, a primeira motivação existente, para penetrar no templo hórrido de terror. Como podes pensar isso? Dizem vocês. Olha, tanta coisa gira à tua volta e por tão pouco dinheiro! Se não fosse o IKEA bla bla bla bla bla bla. Pronto. Por isso, vamos ao IKEA.

2/ E agora, como é que eu saio daqui?
Deve ser problema meu, mas mal entro, não me consigo impedir de colocar essa questão. Como não sei a resposta, tenho, invariavelmente, de ir com alguém. Se não, corre tudo muito pior.
“É só seguir as setas amarelas” mas isso não é verdade. É tudo uma mentira que te tentam impingir, porque, na realidade, aquele se trata de um buraco espacio-temporal em que o mesmo cenário te passa à frente vezes e vezes sem conta até que sejas obrigados a admitir, aos berros, que amas o Big Brother*.
Enquanto isso, tens de desbravar caminho por entre as centenas de famílias felizes, que vão ter uma sanita igual à tua.

3/ Entretanto morri e não me apercebi disso
Quando, finalmente consegues comprar qualquer item, percebes que o tens de o ir buscar a uma sala que faz lembrar uma fábrica de fazer coisas muito estranhas. Onde estão os homenzinhos de amarelo? Subitamente, desapareceram todos e o protagonista desta aventura está sozinho, diante penhascos e penhascos do que parecem ser caixas de cartão com números, mas podem muito bem ser contentores cheios de kryptonite.

4/ Afinal não era assim tão barato, pois não?
Pois.
Porque custava tudo 10 euros, verificas que gastaste 200, como um parvo que se deixa enganar. Porque 10x20, surpreendentemente, =200

5/ Agora, também vais ter de comer aqui
Porque passaste 6 horas, perdido, a tentar encontrar a saída, ou a decidir que &%"# de conjunto de cadeiras é que vais levar (se são todas idênticas e/ou bastante feias), estás-te a sentir muito fraco e vais ter de engolir uma horrível pizza ou cachorro quente que “só” custam não sei quantos euros e, oh, que alegria, podes fazê-lo à boa maneira sueca.

6/ Tenho um móvel igual ao teu.
Porque compraste o móvel mais barato, ou o mais original, ou simplesmente um qualquer, (não interessa, porque de qualquer maneira) toda a gente vai ter um igual.

Não que eu odeie o IKEA. Afinal, sempre é melhor do que andar a vasculhar no lixo. Mas ainda alimento a esperança de um mundo melhor em que isto não tivesse de acontecer. Éramos livres, comprávamos móveis baratos e não tínhamos de o fazer dentro de uma espécie de Mc Donalds sueco conformista dos infernos.



* Deixo a pequena referência Orwelliana, não tão despropositada quanto isso

1 comentário:

  1. Nunca entrei num IKEA - onde vivo, não existe nenhum estabelecimento -, mas, depois de ler isto, posso garantir que também não entrarei. Pelo menos deliberadamente. Se é assim tão mau...

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