segunda-feira, 11 de junho de 2012

"Lecturing" nos supermercados


Sou completamente a favor de uma boa educação alimentar. Sobretudo quando, com o tempo já quente, se começa a vislumbrar entre os portugueses uma ou outra carne menos apelativa. No entanto, penso existirem certas grandes superfícies a levar o conceito demasiado à letra. Para aqueles que ainda não repararam, há agora, em alguns supermercados, cartõezinhos discretos situados ao lado dos produtos género frutas e hortícolas com, supostamente, informação útil sobre os mesmos. Sabia que a alface tem imensa fibra e é muito rica em potássio?
Que promover a saúde dos alimentos  se revela bom para o marketing, claro. Mas será que eu, ao comprar meio quilo de batatas, preciso mesmo de saber que estas são uma grande fonte de fósforo e vitamina A? Não.
Pelo menos, a mim, não me serve de nada. Aliás, chateia-me. Faz lembrar aqueles senhores que ficam à porta dos restaurantes do Bairro Alto, a tentar fazer-nos entrar para os respectivos estabelecimentos. Se por acaso me apetecesse entrar ali, deixou de me apetecer. “Sim, entre aqui, temos um caldo verde muito bom. Sim, sim, aqui.” Bem, a sério? Ah, então pronto, se o senhor o diz é porque deve ser verdade, já que a sua opinião é completamente imparcial e desinteressada sobre esta questão em particular?
Passa-se um pouco o mesmo com os legumes e etcéteras no supermercado: é irritante que me estejam a tentar ensinar até que ponto as minhas laranjas têm vitamina C. Se eu já estou para comprar a porcaria das laranjas, é porque em principio devo saber isso à partida.
Nisto, sou um pouco saudosista em relação ao tempo dos meus avós: uma batata era apenas uma batata e uma pêra era só uma pêra. Comia-se, porque fazia bem, mas não se ficava completamente obcecado com as propriedades antioxidantes de tudo o que nos aparecia à frente. Há, nos dias que correm, muito boa gente que se sabe aproveitar desse tipo de manias, e bem. 

Sem comentários:

Enviar um comentário