segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Perca o juízo em quatro semanas


Fazer dieta é, regra geral, positivo. Além de nos libertar do quilos a mais, purga o organismo e faz-nos tomar consciência do estilo de vida pouco saudável que andávamos a praticar. Tudo isto é muito bonito, mas há uma condição essencial a não esquecer: quando nos queremos lançar nesta aventura, também temos de nos mudar para uma ilha deserta, quinta ou gruta no meio do mato.

Com efeito, é impossível fazê-lo com os outros ao lado. A partir de agora, ou nos fechamos em casa, ou a nossa vida social vai ser um inferno, povoado por todo o tipo de opinadores. Claro que é querido que se preocupem connosco e/ou achem que já estamos em suficiente boa forma. Mas há quem vá longe de mais. Aqui estão, segundo a minha perspectiva, algumas das categorias mais comuns nesse aspecto:

O nutricionista-amador: há sempre alguém que de repente sabe tudo sobre nutrição e que, não só acha a nossa dieta parva, como insiste em que sigamos o seu método. “Tens de comer uma beterraba assada por dia enquanto fazes o pino e cantas o hino nacional” – garante, e não descansa enquanto não prometemos experimentar a sua técnica.

O preocupado: mas tu não precisas! – exclama, avaliando-nos de alto a baixo, ao mesmo tempo que morde os lábios e abana a cabeça. Inútil explicar que o objectivo é apenas recuperar a figura com a qual nos sentíamos confortáveis. Ele não vai acreditar e vai estar o tempo todo a tentar fazer com que nos “descuidemos” ao declarar as verdadeiras razões deste regime: um desgosto, uma anorexia, uma depressão profunda.

O desconfiado: não comeste? – pergunta, com ar de pânico, depois de chafurdar no seu prato de carbonara com queijo e bacon extra. Este é aquele que vai ainda mais longe e acha que o nosso plano é mesmo, declaradamente, morrer à fome. Quando dizemos que já comemos, mas mais discretamente, a pessoa fica a contemplar o mais profundo dos nossos olhos, como que para detectar neles o brilho subnutrido da suposta mentira.

O tentador-provocador: aquele que se “esquece” e de cinco em cinco minutos nos propõe cervejas, vinho, doces e bolos. Este é o pior, porque nos obriga a fazer constantemente cara de seca ou sorrisos forçados, para recusar coisas. Claro que, com a neura com a qual ficámos depois de todos os comentários supra-referidos, duvidamos da inocência destas propostas.

A alternativa, claro, é mentir. Inventar que não se come doces porque eles caem mal a esta hora, não se quer batatas simplesmente porque não se suporta os fritos (o quê, não sabias isso? Pois, conheces-me tão mal...) e que não se está a beber por causa do Ramadão. Conheço quem invente esse tipo de desculpas e parece-me, francamente, estúpido. Mas também é, pelos vistos, a única opção viável.  

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