quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O funâmbulo


Vejo um fio condutor e depois não via o fim, sabes, há muito tempo que ando à procura de mandalas, de uma certa forma fizeram-me crer que era esse o meu objectivo, no fundo, se calhar, é simplesmente uma corda.
Quando cá vim pela primeira vez, a corda tinha demasiados nós e eu estava constantemente a encravar. O pior nesses nós é que eu não os via. Havia apenas a vaga sensação de tropeçar em algo que parecia uma barreira muito firme, não sei se me estou a fazer entender. Penso que alguns se foram libertando, até que hoje tudo ficou muito claro. A associação de ideias, que eu achava que ia dar para a desgraça como de costume, afinal levou-me ao meu próprio percurso. E depois percebi que esse não foi mais ou menos perverso, apenas igual, apenas normal.
A primeira imagem significou que me estava a tornar mulher. Depois, a curiosidade. Depois, o primeiro amor. E depois e depois, assim sucessivamente. E lá está, a corda, a corda a desenrolar-se e a desenvolver-se suavemente, e eu nela, caminhando, um pé atrás do outro e se abrir os braços consigo-me equilibrar perfeitamente. Quando às dificuldades, penso agora, são apenas mais um nó da corda contínua. Estarão lá, é certo (não é por acaso que encontro em equilíbrio, a vida é portanto, mas para toda a gente penso, um jogo de funambulismo) mas eu vou desenrolando os nós com os pés e conseguindo avançar. Não vejo nem prevejo, mas sei que vão aparecer vários nós. Por vezes, vou-me desequilibrar. Mas é o que tu dizes: pouco a pouco, vou aprendendo a não deixar que aqueles do passado intervenham no processo de resolver os do futuro. 

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