quarta-feira, 29 de maio de 2013
domingo, 26 de maio de 2013
Se és gaja, é claro que vais escrever literatura light
O cenário é familiar. Conhecemos um homem, retrógrado,
normalmente de meia idade, por razões pessoais ou profissionais. Ele pergunta o
que fazemos e respondemos que escrevemos. A sua cara ilumina-se com um sorriso
de condescendência paternalista – pois chega à conclusão de que somos mais uma
a escrever romances de cordel. Imediatamente, podem crer que lhe passa também
pela cabeça uma qualquer fantasia em que nos submetemos à sua suposta suprema
genialidade – vestidas de secretárias, a receber críticas e repreensões
literárias – num javardíssimo misto de desejo de impor a subjugação física e a intelectual.
Nojento e exagerado? Sim. Mas frequente? Infelizmente, também.
Admito, é algo no qual nós ainda temos um pouco de
responsabilidade. Não, ao contrário do que se possa dizer, pela nossa natureza
feminina inerente, mas por ainda estarmos reticentes em lutar contra uma educação
que nos foi impingida, porque tal nos é de um certo modo confortável. Para
escrever é preciso não ter medo da exposição e uma das coisas que se ensina às
meninas bem comportadas é que elas não se devem expor demasiado. Isso é
trabalho dos homens. Arriscar é trabalho dos homens, lutar e trabalho dos
homens, sujeitar-se a fazer figuras ridículas é trabalho dos homens. A nós,
ainda que nos custe muito admitir, ainda nos pedem para ficarmos em casa, de
sutiã e cuecas, a fazer poses sensuais enquanto parimos que nem coelhos e
passamos o aspirador pelos sofás da sala. Não me estou a queixar, só a dizer
que ainda somos muito educadas assim. Se a libido direccionada para fora do
casal, a criatividade e a irreverência nos são censuradas ao longo da
juventude, é normal que depois a literatura que produzimos venha a sofrer o
mesmo efeito.
Nesse sentido, parece-me normal que ainda haja um número
superior de mulheres a escrever textos que se fiquem pela superfície. Como é
óbvio, volto a dizer, não me parece que a falta de mulheres na boa literatura
se deva a alguma espécie de determinismo biológico. É preciso quebrar a
barreira da vergonha e do bom comportamento, admitir que nunca vamos ser um
sex-symbol porque nunca vamos ser “misteriosas”: escrever é mostrar as
vísceras.
Aí sim, e só aí, vamos deixar de ser umas patetas que falam
de passeios de descapotável e cenas de engate à hora do chá.
quinta-feira, 23 de maio de 2013
domingo, 19 de maio de 2013
Entrevista no The Art Boulevard
Aqui partilho algumas experiências e preocupações sobre a escrita, que podem ser úteis a quem está a dar os primeiros passos. Estando, eu também, em início de carreira.
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Palácios instáveis
Ela era diferente das outras – pensou M., vendo o seu corpo
estrebuchante no escuro. Analisava, a cada compasso corporal, cada canto de
pele na cinza intermitente de um nada-é-proibido. Ele agarrava-se a morder os lábios,
deitava a cabeça para trás numa expressão que lhe descobria as rugas; e nunca,
mas nunca, jurava, o tinha visto fazê-lo com tanta força. Juntou os joelhos e
coçou-os, nervosamente. Depois, decidiu-se a fazer o que sempre fazia, sem no
entanto desta vez descobrir em si o prazer de um domínio costumeiro, do alto do
seu trono de madeira. Apenas uma vaga noção de que algo estava para rebentar. Eles
continuaram, foi à cozinha buscar mais vinho.
- Vou sair – sussurrou, finalmente, pela porta entreaberta.
- E voltas?
- Sabes que sempre.
Os copos e os sons, na multidão-escuridão. Arrastas-te, como
as cadeiras, sobre as mesas os risos espalmados. Amanhã, serás melhor, mas por
enquanto transitas seminua pela tua própria inconsciência. Espremes cigarros,
agarras o gelo com força mas ele cai, vomitas lentamente, contra a parede. De que
é que estavas à espera? Foste tu. Foste tu tudo isto.
domingo, 12 de maio de 2013
Papeis de género na publicidade
Aqui está um vídeo que ilustra bem até que ponto hoje, por muito que haja quem não o aceite, a questão da igualdade de género ainda não é pacífica. Se bem que, legalmente, a coisa esteja em muitos casos, resolvida, a verdade é que as construções sociais pré-estabelecidas provocam maneiras cada vez mais subtis e perversas de controlar esse factor. Claro e elucidativo, chocante às vezes, com dados precisos sobre o efeito dos media na maneira como cada um se identifica. Mais uma chamada de atenção para a necessidade de questionar tudo. Muito do que nos parece natural e inerente à simples existência humana não passa de construções politico-sociais montadas e portanto, susceptíveis de serem abaladas.
É claro que a moda não é sempre assim e não vale a pena demonizar apenas este sector, culpando-o de todas as injustiças. No entanto, tendo ele um grande impacto na formação das nossas opiniões, parece-me que pode jogar um papel predominante e bastante positivo no assunto. Existem, já exemplos claros disso. É, de facto, por este tipo de razões que apoio aquilo que se começa a notar como um processo de androgenização da moda, em que o modelo já não corresponde a uma divisão cirúrgica homem/mulher (com os respectivos papéis ancestrais instituídos), mas sim a uma única categoria abrangente e fluida, em que cada um pode escolher aquilo que mais o identifica e com o qual se sente confortável, independentemente de um género que supostamente o determine.
É claro que a moda não é sempre assim e não vale a pena demonizar apenas este sector, culpando-o de todas as injustiças. No entanto, tendo ele um grande impacto na formação das nossas opiniões, parece-me que pode jogar um papel predominante e bastante positivo no assunto. Existem, já exemplos claros disso. É, de facto, por este tipo de razões que apoio aquilo que se começa a notar como um processo de androgenização da moda, em que o modelo já não corresponde a uma divisão cirúrgica homem/mulher (com os respectivos papéis ancestrais instituídos), mas sim a uma única categoria abrangente e fluida, em que cada um pode escolher aquilo que mais o identifica e com o qual se sente confortável, independentemente de um género que supostamente o determine.
terça-feira, 7 de maio de 2013
Cursos de escrita online
Os cursos online da Escrever Escrever estão em grande e a ser um sucesso. O meu "Escrever um livro: por onde começar?" vai já na 4a edição!
Inscrições para começar dia 14 de Maio, aqui:
http://escreverescrever.wordpress.com/2013/01/11/escrever-um-livro-por-onde-comecar-nivel-i/
Inscrições para começar dia 14 de Maio, aqui:
http://
segunda-feira, 6 de maio de 2013
Escrita Criativa no Martim Moniz
Hindi, árabe, mandarim, urdu. Açafrão, gengibre, saris, objetos brilhantes fáceis ou difíceis de identificar. Há muito por onde escolher e os sentidos não param. Martim Moniz é a magia de dois continentes fundidos numa só Lisboa, uma cidade alternativa dentro da capital, na qual se viaja sem viajar. Aqui, impossível é não soltarmos o contador de histórias que há em nós.
Venha mergulhar nesta constelação estonteante de objetos, sabores, sons, cores; enquanto dá largas à imaginação e à caneta. Vamos fazer jus às palavras de Mahatma Gandhi: «Não quero que a minha casa seja cercada de muros nem que as minhas janelas sejam tapadas. Quero que as culturas de todas as terras sejam sopradas para dentro da minha casa, o mais livremente possível.Sábado dia 18 de Maio - inscrições e mais informações:
http://escreverescrever.com/verEdicao.php?id_edicao=2434&mes=05
quarta-feira, 1 de maio de 2013
Escrever um livro - Por onde começar?
Comece em Maio, comigo, na Escrever Escrever.
Diurno:
http://www.escreverescrever.com/verEdicao.php?id_edicao=2408&mes=05
Pós-laboral:
http://www.escreverescrever.com/verEdicao.php?id_edicao=2421&mes=05
Fim de semana:
http://escreverescrever.com/verEdicao.php?id_edicao=2431&mes=05
Diurno:
http://www.escreverescrever.com/verEdicao.php?id_edicao=2408&mes=05
Pós-laboral:
http://www.escreverescrever.com/verEdicao.php?id_edicao=2421&mes=05
Fim de semana:
http://escreverescrever.com/verEdicao.php?id_edicao=2431&mes=05
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